Neon Genesis evangelio
Platoon Presentation
Explicando Neon Genesis Evangelion - Os
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episódeos.
Encarando o nome do desenho e o primeiro episódio achamos que o nome foi mau escolhido ou que algo muito revelador ou revolucionário seria trago a tona. Para ver melhor isso, basta ver a possível tradução dos termos do nome: Neon, novo; Gênesis, origem; Evangelion, “a nova forma(no sentido de norma)”, a nova lei (no sentido de doutrina). Todos estes termos tem origem grega, uma possível explicação seria o fato de o novo testamento bíblico estar, em sua grande parte, em grego. Se traduzirmos o título do desenho teríamos: “A nova origem - O evangelho.” Evangelho aqui encarado não da forma tradicional judaico-cristã, mas visto como “uma nova palavra de origem e fim”. Com essa noção, os primeiros episódios da série não são nada reveladores, mas poderíamos pensar que os EVAs - os robôs gigantes - farão algo de salvador para a humanidade. Isso teria total sentido se a série tivesse terminado no episódeo 23, terminou no episódeo 26 e esses três episódeos vemos que todo o enfoque da série não era nas lutas dos EVAs e sim no “simples” convívio do personagem principal: Shinji Ikari. Tornando assim a Nerv, os EVAs, a Seele (Alma, em alemão), e todas as organizações e as histórias de Tóquio 3 um plano de fundo para a real história a ser desenvolvida, os problemas do cotidiano de Shinji.
Sendo assim o cenário para a história poderia ser qualquer um, então, por que robôs gigantes salvando o mundo? A resposta disso não é muito simples: O objetivo de todos os pilotos era o de proteger a Nerv dos Angels que tentavam chegar até Lilith, logo, como o poder dos Angels era devastador, o papel de salvar o mundo acarreta uma enorme responsabilidade, logo, o nível de intrigas, conflitos e estresse estão expostos em alto nível, pois a pressão do dever e dos demais, mesmo que indiretamente, era altíssima, fora o fato de que cada um dos personagens também tem uma vida fora dos EVAs e também possuem os problemas dessa vida cotidiana. Logo, os robôs gigantes destruindo tudo era apenas um “catalisador” para que o estresse “fluísse mais rápido” e chegasse ao ponto onde chegou para ter o desenvolvimento para o final da história. Assim nos surge outra pergunta: Se a responsabilidade era tão alta, por que deixar o trabalho nas mãos de crianças? Para responder isso temos que recorrer a dois fatos: As três crianças não tinham pai ou mãe presentes, mas apesar disso, todas tinham péssimas recordações do pai e tinham problemas por causa disso, exceto Rei, por motivos adiantemente explicados. Shinji tinha um pai claramente desafetuoso e ausente, percebemos que ele fica assim por conta da morte de sua esposa e mãe de Shinji, Yui; Asuka possuía um pai completamente desinteressado em ser pai e uma mãe suicida, o que dificulta muito, principalmente quando se é criança, sendo assim Asuka cresce querendo ser exatamente o contrário que sua mãe e seu pai foram e por conta de sua infância ela também não quer, mas deseja, aproximação com o resto do mundo, pelo medo de sofrer mais assim como sofreu com os seus pais; Rei não possuía pais, nem uma família, nem uma história, pois era um clone de Yui, mãe de Shinji, isso explica o por que de Shinji ter um sentimento próximo ao que sentia com sua mãe. O segundo fato que temos que recorrer é que a Nerv é realmente controlada por mulheres, o cérebro de Yui como “processador central” e Lilith como “fonte de energia”. Encaixando os dois fatos nós temos crianças carentes de afeto e o afeto e amor “materno” característico das mulheres. Sendo assim, caso fosse colocados soldados no lugar das crianças, o índice de rejeição dos EVAs seria muito alto. Em visão da construção da série, trabalhar na construção do cotidiano de crianças é muito mais maleável do que de adultos. Tudo isso é capaz de explicar a sincronização de Shinji ser sempre maior e o salvamento feito em Shinji pelo EVA desplugado.
Muitos devem se perguntar o por que do nome “Lilith foi usado na série, pois faria mais sentido que “Eva” fosse o oposto de “Adão”. Um fato que explica isso muito bem, é o fato de que Eva não foi a primeira mulher e sim Lilith, contudo ela foi expulsa do paraíso, pois se julgava superior a Adão, e se relacionou com Caim, após a morte de Abel, e dizem as más línguas que faz também aprendizados com os demônios. Dentro da história do judaísmo encontra-se mais detalhes.
No decorrer dos 23 primeiros episódeos, podemos observar o desenvolvimento do cotidiano dos pilotos, conhecemos melhor a história e a personalidade de cada um deles e vemos que apesar de agirem diferentemente, todos os três possuem, em base, os mesmos problemas e formas de pensamento. É interessante observar que apenas os três pilotos e Misato permanecem em foco na história, os demais personagens constituem apenas um plano de fundo para esses personagens. A capitã Misato não teve origem paterna diferente dos demais pilotos e, mesmo assim, também odiava o pai; talvez Misato represente a idéia de como seriam os pilotos, já adultos, caso suas dificuldades não fosse resolvidas. Para a maioria das pessoas que eu pergunto, dizem que o problema da série é o final, a outra parte ainda não assistiu até o final... As pessoas dizem justamente não entender os três últimos episódeos, talvez por conta disso ou autor tenha feito outros dois filmes como finais alternativos para a série. Pretendo trabalhar aqui somente os três últimos episódeos, os que achei que valeram a pena:
Com Asuka desincronizando com o seu EVA, a quinta criança é chamada, para a surpresa de todos rápido demais, e feito os testes sobre ele como EVA, eles verificam uma taxa de sincronização extremamente alta para um primeiro teste e um EVA desconfigurado para ele. Era Adão disfarçado de “quinta criança”. A forma como Adão aparece no seriado é extremamente interessante: Ele aparece ao lado de Shinji - o mais problemático dos quatro - sentado sobre um escombro de um prédio, onde no dia anterior havia tido um combate com um Angel e um dos pilotos, que estava substituindo um dos principais e amigo escolar de Shinji havia morrido pelas mãos do próprio Shinji, cantarolando “An die Freunde”, o famoso 4º movimento da 9ª sinfonia de Beethoven (encontrado o original e o traduzido aqui neste blog). É fundamental que os espectadores tenham pelo menos noção do que esta sinfonia diz. Ao fazer contato com Shinji, ele demonstra ser uma pessoa fraterna e próxima de Shinji. O desenvolvimento fundamental que explica as ações feitas por Adão até o final do episódeo acontecem nos poucos momentos onde Adão e Shinji estão conversando do banho ao quarto, durante esses diálogos, vemos que Adão passa a amar, fraternalmente, Shinji e este amor é parte das explicações para o final do episódeo.
Quando Adão poe seu plano em execução, imediatamente toca-se “An die Freunde.” Em passo acelerado e com a supressão da 5ª estrofe. A parte mais interessante é justamente que a sinfonia casa-se perfeitamente com toda ação em movimento, neste momento se torna obrigatório uma noção desta sinfonia. No momento ápice do episódeo vemos que se Adão sobreviver a humanidade irá morrer e vice-versa, contudo Adão é um deus, podemos ver isso dentro da sinfonia, pela sua fala e pelo seu poder, vemos que para Adão é indiferente vida e morte e que pelo seu sentimento por Shinji ele está disposto a se sacrificar para que a humanidade sobreviva. Para isso ele faz com que o EVA de Asuka comece a se mover para que Shinji vá atrás dele para destruir o EVA, caso o EVA não fosse destruído Adão sobreviveria dentro dele e a humanidade morreria, depois disso os últimos diálogos de Adão nos dão um pensamento para refletir, uma questão existencial: Qual seria o sentido e/ou objetivo de um Deus? Qual seria o objetivo/sentido de Adão?
Para responder essa pergunta temos que recorrer a Sartre e Heidegger, assim como o autor fez: Com o desenvolvimento do pensamento capitalista, vemos que o existencialismo possui total sentido, no fundo vemos que não há um objetivo comum nas ações da humanidade, nós ganhamos dinheiro para ganhar mais dinheiro, estudamos mais para estudar mais, chegamos até mesmo a viver mais para viver mais; enfim, fazemos a “manutenção” da vida diariamente sem um propósito, um objetivo, com a única motivação de que com isso a vida se perpedurará mais e em melhor condição, mas não chegamos a nos perguntar do “por que” que temos que ainda fazer a manutenção da vida sendo que não há nada que sirva de propósito ou objetivo para isso. Para Adão ocorre o mesmo problema, qual é o objetivo de um ser que existe estando vivo ou morto? O que ele mantém? Para que mantém? Para que propósito ele tem o poder que tem? E a resposta de todas essas perguntas é a mesma para os seres humanos: Nenhum... Não há objetivos concretos nas ações de Adão e ele reconhece isso, logo Adão poderia se sacrificar ou não por qualquer coisa, já que não há um objetivo final. E o que ele faz então é permitir que a humanidade viva, pois graças a Shinji, seu amado, ele viu que há algo de bom dentro da humanidade que valeria o seu sacrifício: A sensibilidade de uns para com outros. Pelo fato de Shinji ser daquela forma, sensível às coisas a sua volta, Adão vê essa sensibilidade e percebe que a humanidade precisa muito mais da “existência” do que ele. Sendo assim, Adão permite que Shinji o sacrifique pela humanidade e assim termina o problema com os EVAs e a história entra no seu rumo final: A superação dos problemas de Shinji.
O problemas desenvolvidos durante o seriado mais o problemas que Shinji já acumulava de antes de ser piloto vêm a tona e em uma “seção psicológica” com os demais membros da história e o autor fazendo perguntas, seus problemas são destrinchados para que se descubra a dificuldade em comum a todos os problemas. Logo no começo de todo esse dialogo, confirmamos a carência patológica de Shinji e como isso afeta suas atitudes e vemos que para ele suprir isso, ele recorreu, meio que instintivamente, aos elogios e reconhecimentos que ganhava pelo seu trabalho, tão logo, ele ficou com a sua bem-estar dependente do seu desenvolvimento como piloto. Mas e se ele parasse de pilotar o EVA? Onde ficaria seu reconhecimento? Por conta disso Shinji tenta se isolar somente no seu trabalho, ele não quer se ferir com o resto do mundo, pois o resto do mundo não o elogia por ser piloto, fora do seu trabalho ele tem que enfrentar novas dificuldades a cada dia, dificuldades que ele não quer ariscar tentar acertar ou errar com medo do erro e da desconsideração por conta do mesmo. Para romper com esse pensamento, esse medo, de Shinji, o autor recorre a um dialogo direto com Shinji onde ele aparece em um plano branco e desenhado a lápis:
A série parte do principio de que o ser humano só se percebe, sobre o que é seu próprio ser, a partir do ponto onde ele vê o que seu ser reflete nos demais, logo, para que Shinji perceba isso, o autor coloca-o em um plano de liberdade perfeita, um mundo onde só há ele, não havendo nada o impedindo de fazer o que ele quisesse.
Com isso o autor trabalha ao máximo o existencialismo de Sartre e desenvolve um raciocínio do princípio de liberdade perfeita onde Shinji se encontra: Segundo Sartre, o ser humano nasce, se percebe como homem e começa a decidir o que quer para si; o problema começa justamente no “se percebe”. Trabalhando essa lógica sartreana da série, temos: O ser humano só consegue se destinguir das outras coisas e dos demais homens a partir do ponto onde se entra em contato, pelo menos por idéia, do objeto/ser em questão; um homem sabe que é diferente de uma parede, pois ele sabe como é uma parede e percebeu suas diferenças. De certo modo isso fere a liberdade do ser, pois ele nunca poderá ser como uma parede e vice-versa, se for levado em consideração as propriedades físicas de uma parede, o nível de liberdade cai mais ainda pois ele nunca poderá atravessar a parede sem destruí-la e não poderá estar dos dois lados da parede ao mesmo tempo. Em relação as outras pessoas, a questão se torna mais complexa: O ser humano percebe-se diferente dos demais objetos, plantas e animais, mas seria o ser humano diferente de outro ser humano? Para responder isso o ser humano deve analisar com o outro o vê e como ele vê os demais objetos etc., quando um ser humano analisa as idéias do outro, seja em detalhes banais ou complexos, e percebe diferenças mínimas ou máximas neste outro ser, nasce assim a consciência e a identidade do ser humano, a consciência de que ele existe e é diferente do outro e essa diferença faz justamente sua identidade frente aos demais. Criando-se essa identidade e sendo ela forjada pela própria visão e interpretação de seu usuário, e não de um terceiro, isso faz dela única e incopiavel. Mas e quando estamos em liberdade perfeita, quando podemos estar no lugar que quisermos, ser o que quisermos e ser e estar no lugar que quisermos, onde não há nada para nos limitar de fazer/ser/estar o que se pensa, como criaremos uma identidade?
Um plano de "Liberdade perfeita" exige por exelencia que o seu único membro seja sempre único, para que em nunhum momento essa liberdade seja ferida mas, se o ser humano percebe a si mesmo e toma conta de sua identidade pela observação que faz ao seu redor, em "liberdade perfeita" como haveria essa observação? Podemos concluir que apartir do momento onde não há o que se observar, o observador simplesmente não existe, o existir por existir não faz sentido, algo só realmente existe apartir do ponto onde se choca com qualquer outra coisa, seja fazendo parte dela, observando-a ou convivendo-a. Sendo assim, não havendo mundo exterior, o ser humano não seria diferente do "nada" que o cercasse.O conceito de razão é puramente empirico, não há nada nem ninguem que possa te explicar o que é razão, você a conhece por ter uma experiencia que lhe deu certo sentido de razão, se não há nada com o que se conviver, não haviria tal experiencia, não havendo tal experiencia que lhe "diga" o que é razão, não há como definir qualquer outra coisa que há ou que supostamente existe.Logo, toda a existencia que está para nos limitar, ao mesmo tempo está para nos deixar livre para estudarmos a nós mesmos e o mundo que nos cerca, com o mundo exterior temos nossas experiencias que justificam nossa lógica, nossa razão, nosso raciocínio, nos dá a oportunidade de observar, criticar, construir, viver e assim formarmos, constatemente, nossa identidade.Toda a história do homem, de um modo individual e geral, não está para aprisioná-lo, mas para que ele descubra sua verdadeira identidade.
Após o autor trabalhar isso, Shinji reconhece que o mundo a sua volta é necessário para ele mesmo. Mas ainda estamos com o problema inicial, o mundo a sua volta é necessário para ele, isso é reconhecido, mas Shinji não gosta de "sua realidade", deseja, ainda assim, se isolar do mundo ou não pertencer mais a ele. Neste ponto o seriado entra eu seu ponto final: Os personagens que conviveram com Shinji e que se encontram ao redor dele, conversando com ele, dão a ele o complemento final de toda a explicação. Ela se inicia com uma "definição" sobre o que seria a verdade para o ser humano e utiliza os temas que foram trabalhados durante toda a série para explicar isso; Sendo o ser humano fruto de sua própria escolha, não havendo entidades que lhe diga valores, regras ou noções, cabe ao próprio homem escolher o que ele toma como verdade. Isso tem dois lado, o negativo é que esta verdade tomada pelo homem pode não ser verdadeira, o positivo é que independente disso ele pode escolher e viver essa verdade. As pessoas podem escolher, pelo motivo que for, acreditar em deus ou na ciência um dos dois podem estar certos, não sabemos qual, mas ambos vivem essas verdades acolhidas por eles intenssamente. Assim como o cientista desenvolve o conhecimento e o discemina para que todos possam refletir sobre isso e assim construir ciência para a ciência, o religioso todos os dias trabalha para progredir cada vez mais a sua fé na sua crença. Shinji via à todos como seus inimigos, como seres incomodos, isso ele tomava como verdade, e então ele percebe que a chave não está em esperar os outros serem apenas elogios e flores e sim alternar o modo de como você mesmo vê sua realidade. Você pode ver uma pessoa te criticando, ai há duas maneira de se ver isso, ela pode estar apenas estragando o seu dia ou tentanto melhorar o seu amanhã, independente das intenções dela, você pode ver isso destas duas maneiras, cabe a você escolher qual delas você vai acatar. Qual te agrada mais? Achar que todos conspiram contra você ou acreditar que todos estão para juntos melhorar o outro como podem? Ao perceber essa noção mais ampliada sobre os acontecimentos, Shinji tem uma visão:
Em sua visão, Shinji o vê acordando em uma casa que ele já conhecia muito bem, com o seu pai lendo o jornal, sua mae preparando o café e ele sendo acordado por um de seus amigos. Vai a escola, como em qualquer dia normal, conhece uma nova aluna, que era uma das pessoas que trabalhava com ele, tem aula com a mesma pessoa que era seu superior na NERV e enfim, tem um dia com todas as pessoas de seu convivio normal, mas de uma perspectiva totalmente diferente. Ao ter essa visão Shinji percebe que sua realidade poderia ser diferente, que ela pode ser diferente, basta apenas ele querer que ela seja diferente. Um final trágico pode ser o final da história ou o começo de um novo capítulo. Seu cotidiano, sua identidade, seus amigos, sua companhia, seus hábitos, suas roupas, seus pratos, sua visão dos demais, pode ser tudo em base de uma verdade, mas a verdade é maleavel, mutavel dentro do próprio ser humano e independente disso ser a verdade, podesse viver perfeitamente com seus preceitos, suas teorias, suas superstições. Enquanto não houver uma verdade que seja, superior e inabalavel, o ser humano pode ser livre.
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episódeos.
Encarando o nome do desenho e o primeiro episódio achamos que o nome foi mau escolhido ou que algo muito revelador ou revolucionário seria trago a tona. Para ver melhor isso, basta ver a possível tradução dos termos do nome: Neon, novo; Gênesis, origem; Evangelion, “a nova forma(no sentido de norma)”, a nova lei (no sentido de doutrina). Todos estes termos tem origem grega, uma possível explicação seria o fato de o novo testamento bíblico estar, em sua grande parte, em grego. Se traduzirmos o título do desenho teríamos: “A nova origem - O evangelho.” Evangelho aqui encarado não da forma tradicional judaico-cristã, mas visto como “uma nova palavra de origem e fim”. Com essa noção, os primeiros episódios da série não são nada reveladores, mas poderíamos pensar que os EVAs - os robôs gigantes - farão algo de salvador para a humanidade. Isso teria total sentido se a série tivesse terminado no episódeo 23, terminou no episódeo 26 e esses três episódeos vemos que todo o enfoque da série não era nas lutas dos EVAs e sim no “simples” convívio do personagem principal: Shinji Ikari. Tornando assim a Nerv, os EVAs, a Seele (Alma, em alemão), e todas as organizações e as histórias de Tóquio 3 um plano de fundo para a real história a ser desenvolvida, os problemas do cotidiano de Shinji.
Sendo assim o cenário para a história poderia ser qualquer um, então, por que robôs gigantes salvando o mundo? A resposta disso não é muito simples: O objetivo de todos os pilotos era o de proteger a Nerv dos Angels que tentavam chegar até Lilith, logo, como o poder dos Angels era devastador, o papel de salvar o mundo acarreta uma enorme responsabilidade, logo, o nível de intrigas, conflitos e estresse estão expostos em alto nível, pois a pressão do dever e dos demais, mesmo que indiretamente, era altíssima, fora o fato de que cada um dos personagens também tem uma vida fora dos EVAs e também possuem os problemas dessa vida cotidiana. Logo, os robôs gigantes destruindo tudo era apenas um “catalisador” para que o estresse “fluísse mais rápido” e chegasse ao ponto onde chegou para ter o desenvolvimento para o final da história. Assim nos surge outra pergunta: Se a responsabilidade era tão alta, por que deixar o trabalho nas mãos de crianças? Para responder isso temos que recorrer a dois fatos: As três crianças não tinham pai ou mãe presentes, mas apesar disso, todas tinham péssimas recordações do pai e tinham problemas por causa disso, exceto Rei, por motivos adiantemente explicados. Shinji tinha um pai claramente desafetuoso e ausente, percebemos que ele fica assim por conta da morte de sua esposa e mãe de Shinji, Yui; Asuka possuía um pai completamente desinteressado em ser pai e uma mãe suicida, o que dificulta muito, principalmente quando se é criança, sendo assim Asuka cresce querendo ser exatamente o contrário que sua mãe e seu pai foram e por conta de sua infância ela também não quer, mas deseja, aproximação com o resto do mundo, pelo medo de sofrer mais assim como sofreu com os seus pais; Rei não possuía pais, nem uma família, nem uma história, pois era um clone de Yui, mãe de Shinji, isso explica o por que de Shinji ter um sentimento próximo ao que sentia com sua mãe. O segundo fato que temos que recorrer é que a Nerv é realmente controlada por mulheres, o cérebro de Yui como “processador central” e Lilith como “fonte de energia”. Encaixando os dois fatos nós temos crianças carentes de afeto e o afeto e amor “materno” característico das mulheres. Sendo assim, caso fosse colocados soldados no lugar das crianças, o índice de rejeição dos EVAs seria muito alto. Em visão da construção da série, trabalhar na construção do cotidiano de crianças é muito mais maleável do que de adultos. Tudo isso é capaz de explicar a sincronização de Shinji ser sempre maior e o salvamento feito em Shinji pelo EVA desplugado.
Muitos devem se perguntar o por que do nome “Lilith foi usado na série, pois faria mais sentido que “Eva” fosse o oposto de “Adão”. Um fato que explica isso muito bem, é o fato de que Eva não foi a primeira mulher e sim Lilith, contudo ela foi expulsa do paraíso, pois se julgava superior a Adão, e se relacionou com Caim, após a morte de Abel, e dizem as más línguas que faz também aprendizados com os demônios. Dentro da história do judaísmo encontra-se mais detalhes.
No decorrer dos 23 primeiros episódeos, podemos observar o desenvolvimento do cotidiano dos pilotos, conhecemos melhor a história e a personalidade de cada um deles e vemos que apesar de agirem diferentemente, todos os três possuem, em base, os mesmos problemas e formas de pensamento. É interessante observar que apenas os três pilotos e Misato permanecem em foco na história, os demais personagens constituem apenas um plano de fundo para esses personagens. A capitã Misato não teve origem paterna diferente dos demais pilotos e, mesmo assim, também odiava o pai; talvez Misato represente a idéia de como seriam os pilotos, já adultos, caso suas dificuldades não fosse resolvidas. Para a maioria das pessoas que eu pergunto, dizem que o problema da série é o final, a outra parte ainda não assistiu até o final... As pessoas dizem justamente não entender os três últimos episódeos, talvez por conta disso ou autor tenha feito outros dois filmes como finais alternativos para a série. Pretendo trabalhar aqui somente os três últimos episódeos, os que achei que valeram a pena:
Com Asuka desincronizando com o seu EVA, a quinta criança é chamada, para a surpresa de todos rápido demais, e feito os testes sobre ele como EVA, eles verificam uma taxa de sincronização extremamente alta para um primeiro teste e um EVA desconfigurado para ele. Era Adão disfarçado de “quinta criança”. A forma como Adão aparece no seriado é extremamente interessante: Ele aparece ao lado de Shinji - o mais problemático dos quatro - sentado sobre um escombro de um prédio, onde no dia anterior havia tido um combate com um Angel e um dos pilotos, que estava substituindo um dos principais e amigo escolar de Shinji havia morrido pelas mãos do próprio Shinji, cantarolando “An die Freunde”, o famoso 4º movimento da 9ª sinfonia de Beethoven (encontrado o original e o traduzido aqui neste blog). É fundamental que os espectadores tenham pelo menos noção do que esta sinfonia diz. Ao fazer contato com Shinji, ele demonstra ser uma pessoa fraterna e próxima de Shinji. O desenvolvimento fundamental que explica as ações feitas por Adão até o final do episódeo acontecem nos poucos momentos onde Adão e Shinji estão conversando do banho ao quarto, durante esses diálogos, vemos que Adão passa a amar, fraternalmente, Shinji e este amor é parte das explicações para o final do episódeo.
Quando Adão poe seu plano em execução, imediatamente toca-se “An die Freunde.” Em passo acelerado e com a supressão da 5ª estrofe. A parte mais interessante é justamente que a sinfonia casa-se perfeitamente com toda ação em movimento, neste momento se torna obrigatório uma noção desta sinfonia. No momento ápice do episódeo vemos que se Adão sobreviver a humanidade irá morrer e vice-versa, contudo Adão é um deus, podemos ver isso dentro da sinfonia, pela sua fala e pelo seu poder, vemos que para Adão é indiferente vida e morte e que pelo seu sentimento por Shinji ele está disposto a se sacrificar para que a humanidade sobreviva. Para isso ele faz com que o EVA de Asuka comece a se mover para que Shinji vá atrás dele para destruir o EVA, caso o EVA não fosse destruído Adão sobreviveria dentro dele e a humanidade morreria, depois disso os últimos diálogos de Adão nos dão um pensamento para refletir, uma questão existencial: Qual seria o sentido e/ou objetivo de um Deus? Qual seria o objetivo/sentido de Adão?
Para responder essa pergunta temos que recorrer a Sartre e Heidegger, assim como o autor fez: Com o desenvolvimento do pensamento capitalista, vemos que o existencialismo possui total sentido, no fundo vemos que não há um objetivo comum nas ações da humanidade, nós ganhamos dinheiro para ganhar mais dinheiro, estudamos mais para estudar mais, chegamos até mesmo a viver mais para viver mais; enfim, fazemos a “manutenção” da vida diariamente sem um propósito, um objetivo, com a única motivação de que com isso a vida se perpedurará mais e em melhor condição, mas não chegamos a nos perguntar do “por que” que temos que ainda fazer a manutenção da vida sendo que não há nada que sirva de propósito ou objetivo para isso. Para Adão ocorre o mesmo problema, qual é o objetivo de um ser que existe estando vivo ou morto? O que ele mantém? Para que mantém? Para que propósito ele tem o poder que tem? E a resposta de todas essas perguntas é a mesma para os seres humanos: Nenhum... Não há objetivos concretos nas ações de Adão e ele reconhece isso, logo Adão poderia se sacrificar ou não por qualquer coisa, já que não há um objetivo final. E o que ele faz então é permitir que a humanidade viva, pois graças a Shinji, seu amado, ele viu que há algo de bom dentro da humanidade que valeria o seu sacrifício: A sensibilidade de uns para com outros. Pelo fato de Shinji ser daquela forma, sensível às coisas a sua volta, Adão vê essa sensibilidade e percebe que a humanidade precisa muito mais da “existência” do que ele. Sendo assim, Adão permite que Shinji o sacrifique pela humanidade e assim termina o problema com os EVAs e a história entra no seu rumo final: A superação dos problemas de Shinji.
O problemas desenvolvidos durante o seriado mais o problemas que Shinji já acumulava de antes de ser piloto vêm a tona e em uma “seção psicológica” com os demais membros da história e o autor fazendo perguntas, seus problemas são destrinchados para que se descubra a dificuldade em comum a todos os problemas. Logo no começo de todo esse dialogo, confirmamos a carência patológica de Shinji e como isso afeta suas atitudes e vemos que para ele suprir isso, ele recorreu, meio que instintivamente, aos elogios e reconhecimentos que ganhava pelo seu trabalho, tão logo, ele ficou com a sua bem-estar dependente do seu desenvolvimento como piloto. Mas e se ele parasse de pilotar o EVA? Onde ficaria seu reconhecimento? Por conta disso Shinji tenta se isolar somente no seu trabalho, ele não quer se ferir com o resto do mundo, pois o resto do mundo não o elogia por ser piloto, fora do seu trabalho ele tem que enfrentar novas dificuldades a cada dia, dificuldades que ele não quer ariscar tentar acertar ou errar com medo do erro e da desconsideração por conta do mesmo. Para romper com esse pensamento, esse medo, de Shinji, o autor recorre a um dialogo direto com Shinji onde ele aparece em um plano branco e desenhado a lápis:
A série parte do principio de que o ser humano só se percebe, sobre o que é seu próprio ser, a partir do ponto onde ele vê o que seu ser reflete nos demais, logo, para que Shinji perceba isso, o autor coloca-o em um plano de liberdade perfeita, um mundo onde só há ele, não havendo nada o impedindo de fazer o que ele quisesse.
Com isso o autor trabalha ao máximo o existencialismo de Sartre e desenvolve um raciocínio do princípio de liberdade perfeita onde Shinji se encontra: Segundo Sartre, o ser humano nasce, se percebe como homem e começa a decidir o que quer para si; o problema começa justamente no “se percebe”. Trabalhando essa lógica sartreana da série, temos: O ser humano só consegue se destinguir das outras coisas e dos demais homens a partir do ponto onde se entra em contato, pelo menos por idéia, do objeto/ser em questão; um homem sabe que é diferente de uma parede, pois ele sabe como é uma parede e percebeu suas diferenças. De certo modo isso fere a liberdade do ser, pois ele nunca poderá ser como uma parede e vice-versa, se for levado em consideração as propriedades físicas de uma parede, o nível de liberdade cai mais ainda pois ele nunca poderá atravessar a parede sem destruí-la e não poderá estar dos dois lados da parede ao mesmo tempo. Em relação as outras pessoas, a questão se torna mais complexa: O ser humano percebe-se diferente dos demais objetos, plantas e animais, mas seria o ser humano diferente de outro ser humano? Para responder isso o ser humano deve analisar com o outro o vê e como ele vê os demais objetos etc., quando um ser humano analisa as idéias do outro, seja em detalhes banais ou complexos, e percebe diferenças mínimas ou máximas neste outro ser, nasce assim a consciência e a identidade do ser humano, a consciência de que ele existe e é diferente do outro e essa diferença faz justamente sua identidade frente aos demais. Criando-se essa identidade e sendo ela forjada pela própria visão e interpretação de seu usuário, e não de um terceiro, isso faz dela única e incopiavel. Mas e quando estamos em liberdade perfeita, quando podemos estar no lugar que quisermos, ser o que quisermos e ser e estar no lugar que quisermos, onde não há nada para nos limitar de fazer/ser/estar o que se pensa, como criaremos uma identidade?
Um plano de "Liberdade perfeita" exige por exelencia que o seu único membro seja sempre único, para que em nunhum momento essa liberdade seja ferida mas, se o ser humano percebe a si mesmo e toma conta de sua identidade pela observação que faz ao seu redor, em "liberdade perfeita" como haveria essa observação? Podemos concluir que apartir do momento onde não há o que se observar, o observador simplesmente não existe, o existir por existir não faz sentido, algo só realmente existe apartir do ponto onde se choca com qualquer outra coisa, seja fazendo parte dela, observando-a ou convivendo-a. Sendo assim, não havendo mundo exterior, o ser humano não seria diferente do "nada" que o cercasse.O conceito de razão é puramente empirico, não há nada nem ninguem que possa te explicar o que é razão, você a conhece por ter uma experiencia que lhe deu certo sentido de razão, se não há nada com o que se conviver, não haviria tal experiencia, não havendo tal experiencia que lhe "diga" o que é razão, não há como definir qualquer outra coisa que há ou que supostamente existe.Logo, toda a existencia que está para nos limitar, ao mesmo tempo está para nos deixar livre para estudarmos a nós mesmos e o mundo que nos cerca, com o mundo exterior temos nossas experiencias que justificam nossa lógica, nossa razão, nosso raciocínio, nos dá a oportunidade de observar, criticar, construir, viver e assim formarmos, constatemente, nossa identidade.Toda a história do homem, de um modo individual e geral, não está para aprisioná-lo, mas para que ele descubra sua verdadeira identidade.
Após o autor trabalhar isso, Shinji reconhece que o mundo a sua volta é necessário para ele mesmo. Mas ainda estamos com o problema inicial, o mundo a sua volta é necessário para ele, isso é reconhecido, mas Shinji não gosta de "sua realidade", deseja, ainda assim, se isolar do mundo ou não pertencer mais a ele. Neste ponto o seriado entra eu seu ponto final: Os personagens que conviveram com Shinji e que se encontram ao redor dele, conversando com ele, dão a ele o complemento final de toda a explicação. Ela se inicia com uma "definição" sobre o que seria a verdade para o ser humano e utiliza os temas que foram trabalhados durante toda a série para explicar isso; Sendo o ser humano fruto de sua própria escolha, não havendo entidades que lhe diga valores, regras ou noções, cabe ao próprio homem escolher o que ele toma como verdade. Isso tem dois lado, o negativo é que esta verdade tomada pelo homem pode não ser verdadeira, o positivo é que independente disso ele pode escolher e viver essa verdade. As pessoas podem escolher, pelo motivo que for, acreditar em deus ou na ciência um dos dois podem estar certos, não sabemos qual, mas ambos vivem essas verdades acolhidas por eles intenssamente. Assim como o cientista desenvolve o conhecimento e o discemina para que todos possam refletir sobre isso e assim construir ciência para a ciência, o religioso todos os dias trabalha para progredir cada vez mais a sua fé na sua crença. Shinji via à todos como seus inimigos, como seres incomodos, isso ele tomava como verdade, e então ele percebe que a chave não está em esperar os outros serem apenas elogios e flores e sim alternar o modo de como você mesmo vê sua realidade. Você pode ver uma pessoa te criticando, ai há duas maneira de se ver isso, ela pode estar apenas estragando o seu dia ou tentanto melhorar o seu amanhã, independente das intenções dela, você pode ver isso destas duas maneiras, cabe a você escolher qual delas você vai acatar. Qual te agrada mais? Achar que todos conspiram contra você ou acreditar que todos estão para juntos melhorar o outro como podem? Ao perceber essa noção mais ampliada sobre os acontecimentos, Shinji tem uma visão:
Em sua visão, Shinji o vê acordando em uma casa que ele já conhecia muito bem, com o seu pai lendo o jornal, sua mae preparando o café e ele sendo acordado por um de seus amigos. Vai a escola, como em qualquer dia normal, conhece uma nova aluna, que era uma das pessoas que trabalhava com ele, tem aula com a mesma pessoa que era seu superior na NERV e enfim, tem um dia com todas as pessoas de seu convivio normal, mas de uma perspectiva totalmente diferente. Ao ter essa visão Shinji percebe que sua realidade poderia ser diferente, que ela pode ser diferente, basta apenas ele querer que ela seja diferente. Um final trágico pode ser o final da história ou o começo de um novo capítulo. Seu cotidiano, sua identidade, seus amigos, sua companhia, seus hábitos, suas roupas, seus pratos, sua visão dos demais, pode ser tudo em base de uma verdade, mas a verdade é maleavel, mutavel dentro do próprio ser humano e independente disso ser a verdade, podesse viver perfeitamente com seus preceitos, suas teorias, suas superstições. Enquanto não houver uma verdade que seja, superior e inabalavel, o ser humano pode ser livre.
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